Fuga
Era carnaval,
Quando você fugiu.
Eu não via mais os pierrôs e colombinas,
E nem as meninas dos teus olhos transbordando ternura.
Eu não ouvia mais as marchinhas,
Nem ouviria mais as canções de ninar que há muito me embalaram...
Não sentia os confetes e serpentinas ao vento
E nem o cheiro de vida em tua pele perfumada...
Me fugiu o carnaval.
Quando pus tua mão fria e quase rígida sobre minha cabeça
Para eternizar os cafunés que não viriam mais.
O acaso também fugiu,
Ao tornar, nesta festiva data,
Uma eterna quarta-feira de Cinzas pra quem fica.
A misericórdia, covarde, também fugiu.
Porque, mesmo depois de anos de dor,
Não te absolveu não lhe deu chance...
Foi, neste tenebroso carnaval,
Que a alegria me fugiu
Foi quando a vida lhe fugiu
E você, fugiu de mim.